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domingo, 7 de novembro de 2010

Concepções de linguagem alteram o que e como ensinar


Entenda por que a prática diária da leitura e a escrita, em atividades mediadas pelo professor, são fundamentais quando se considera a linguagem como forma de interação social.
Na década de 1970, uma transformação conceitual mudou as práticas escolares. A linguagem deixou de ser entendida apenas como a expressão do pensamento para ser vista também como um instrumento de comunicação, envolvendo um interlocutor e uma mensagem que precisa ser compreendida.
Todos os gêneros passaram a ser vistos como importantes instrumentos de transmissão de mensagens: o aluno precisaria aprender as características de cada um deles para reproduzi-los na escrita e também para identificá-los nos textos lidos.
Ainda era essencial seguir um padrão preestabelecido, e qualquer anormalidade seria um ruído. Para contemplar a perspectiva, o acervo de obras estudadas acabou ampliado, já que o formato dos textos clássicos não servia de subsídio para a escrita de cartas, por exemplo.
Segundo a pedagoga especializada em lingüística, Kátia Lomba Bräkling, nessa concepção, a língua é um código e escrever seria o exercício de combinar palavras e frases para formar um texto. Assim, o ensino precisava focar prioritariamente as estruturas – os substantivos, os verbos, os pronomes, etc. – que compõem a língua e seus usos corretos.
Em pouco tempo, no entanto, as correntes acadêmicas avançaram mais. Mikhail Bakhtin (1895-1975) apresentou uma nova concepção de linguagem, a enunciativo-discursiva, que considera o discurso uma prática social e uma forma de interação - tese que vigora até hoje. A relação interpessoal, o contexto de produção dos textos, as diferentes situações de comunicação, os gêneros, a interpretação e a intenção de quem o produz passaram a ser peças-chave.
Essas idéias ganharam suporte das pesquisas que têm em comum às concepções de aprendizagem sociconstrutivista, que consideram o conhecimento como sendo elaborado pelo sujeito, e não só transmitido pelo mestre. Entre os principais pensadores estão Lev Vygostsky (1896-1934) - que mostrou a importância da interação social e das trocas de saberes entre as crianças - e Jean Piaget (1896-1980) - pai da teoria construtivista.
Nos anos 1980, Emilia Ferreiro e Ana Teberosky, autoras do livro Psicogênese da Língua Escrita, apresentaram resultados de suas pesquisas sobre a alfabetização, mostrando que o aluno constrói hipóteses sobre a escrita e também aprende ao reorganizar os dados que têm em sua mente. Em seguida, as pesquisas de didática da leitura e escrita produziram conhecimentos sobre o ensino e a aprendizagem desses conteúdos.
Hoje, a tendência propõe que certas atividades sejam feitas diariamente com os alunos de todos os anos para desenvolver habilidades leitoras e escritoras. Entre elas, estão a leitura e escrita feita pelos próprios estudantes e pelo professor para a turma (enquanto eles não compreendem o sistema de escrita), as práticas de comunicação oral para aprender os gêneros do discurso e as atividades de análise e reflexão sobre a língua.
A leitura, coletiva e individualmente, em voz alta ou baixa, precisa fazer parte do cotidiano na sala. "O mesmo acontece com a escrita, no convívio com diferentes gêneros e propostas diretivas do professor. O propósito maior deve ser ver a linguagem como uma interação", explica Francisca Maciel, diretora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale), em Belo Horizonte.
O desenvolvimento da linguagem oral, por sua vez, apesar de ainda pouco priorizado na escola, precisa ser trabalhado com exposições sobre um conteúdo, debates e argumentações, explanação sobre um tema lido ou leituras de poesias. "O importante é oferecer oportunidades de fala, mostrando a adequação da língua a cada situação social de comunicação oral".

Referência: www.revistaescola.abril.com.br
                             

24 comentários:

  1. Muito interessante seu blog e seus textos, adorei!

    Um abraço de seu amigo Caius!

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  2. Com certeza, a leitura é um ingrediente essencia para o ser humano pois o nosso desenvolvimento fica bem mais avançado e para o aprendizado é primordial tem que ler bastante.

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  3. A leitura em voz alta ou baixa em grupo, ajuda muito a interpretar o texto.

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  4. Ler amplia a nossa capacidade de pensar e argumentar sobre diversos assuntos, quanto mais lemos, maior a necessidade de ler diversificadamente. Consequentemente a escrita torna-se rica, as idéias fluem com maior facilidade e naturalmente buscamos aprimorar nossos textos, tornado-os de comum entendimento e bem elaborados.

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  5. Também acho Rosemary eu por exemplo gosto de ler em voz alta até quando estou só, isso me ajuda muito na interpretação do texto que estou lendo.

    Um forte abraço!!

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  6. Amo ler!A leitura em voz alta me ajuda a entender melhor.

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  7. Boa noite , bem interessante o texto, eu prefiro lê em voz alta assim eu consigo entender melhor, e eu aprendi a lê dessa maneira quando comecei a lê para os meus filhos.

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  8. Adorei o texto, me fez relembrar o tempo da escola onde os professores traziam temas, que acabava envolvendo toda sala, o mesmo texto cada um extraia algo novo onde todos conseguiam compartilhar algo ate o mais timído...

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  9. De verdade, a leitura em voz alta conseguimos mais entender e interpretar os textos.

    Parabéns pelo texto.

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  10. Existe uma frase da Bíblia que diz assim: " conhecereis a verdade e a verdade voz libertará" João Cap.8 ver. 32. Qual o meu entendimento sobre isso? Quando uma pessoa se compromete a melhorar podemos dizer evoluir, a leitura é a base para isso acontecer. Torso piamente que nosso pais invista fortemente na educação!

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  11. É interessante pensar esses conceitos aplicados dentro de uma sala de aula atualmente mesmo que não ocorra em muitos lugares, pois o que nosso ensino prioriza é *conteúdo* e não desenvolvimento. Um ambiente mais aberto aos alunos desenvolvam-se na leitura e escrita faz toda a diferença na decodificação (entendimento) de um texto, por exemplo.

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  12. Verdade a leitura e a escrita anda em falta , em particular no Brasil, muito impulsionado pela economia, espera-Se, em breve, a solução para um Brasil sem corrupção, não somente o fator econômico, mas de idéias.

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  13. Ótimo texto explicativo. Tenho o hábito de ler muito, porém não consigo escrever bem. Pra mim é dificil organizar as ideias, muitas vezes atropelo tudo..rsrsrsrs. Mas continuo tentando.

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  14. A leitura nos faz viajar no pensamento e nos leva a lugares incríveis,mas realmente não é fácil escrever correto o que agente lê.

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  15. É MUITO IMPORTANTE A PRÁTICA DA LEITURA SEJA EM VOZ ALTA OU BAIXA,ELA APERFEIÇOA O NOSSO MODO DE SE EXPRESSAR, SEJA NA FALA OU ESCRITA.

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  16. Muito interessante o texto. A prática da leitura e escrita deveria ser um hábito em nossas vidas, pois assim temos a chance de nos comunicar e entender melhor.

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  17. Ler é importaante para ampliar o que pensamos e termos uma base de mundo sólida, e com isso nos protegermos de decisões e posturas que nos impedem de pensar.

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  18. Que texto maravilhoso, a prática da leitura seguida de uma explanação em público (sala de aula ou qualquer outro ambiente contribuem fortemente para o desenvolvimento da visão crítica do discente.

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  19. Que texto maravilhoso, a prática da leitura seguida de uma explanação em público (sala de aula ou qualquer outro ambiente contribuem fortemente para o desenvolvimento da visão crítica do discente.

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  20. Muito atualizado. Nas aulas de línguas estrangeiras é muito presente os pontos citados no texto, aprendizado significativo vem de experiências autênticas.

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  21. A leitura deveria ser parte primordial, não só dentro da sala de aula como também no trabalho em casa. Quanto mais se ler, mais entendimento temos de todo o contexto.

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  22. A escrita e leitura são essenciais para a transmissão e absorção de conhecimento. Saber se expressar bem através da escrita contribui para que futuras gerações possam aprimorar nosso legado.

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  23. O texto me fez lembrar sobre um Podcast de pedagogia que escutei, onde se sugeria incentivo e possibilidades para essa ampliação em sala de aula. Era justamente a criação de um blog por alunos individuais ou grupos de alunos, e recompensa pela produção do tal blog. As sugestões incluiam: Blogs de Resenha; Blog de Portifólio; Blog de Diário de Bordo; Blog de Escrita Poética; os quais, se assim os alunos persistissem, poderiam vir à, eventualmente, se tornar monetizados.

    Foi assim que, inclusive, iniciei o meu com temática de proposições filosófico-poéticas.

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